Recordo-me quando criança a tarde que a minha mãe chegou para mim e disse: "Karla chegou a hora de te dar o livro que sempre foi meu, e será o seu primeiro livro, cuide dele com muito carinho!", o autor era um homem chamado Exuperry, eu nem sabia dizer esse nome direito, mas o nome do livro eu sabia e lembro perfeitamente bem: O PEQUENO PRÍNCIPE saí correndo é claro para mostrar as minhas amigas toda orgulhosa por ter ganhado um livro... Naquele tempo não se investia tanto em leitura como hoje os pais o fazem. Esse foi o meu primeiro passo, depois vieram O MENINO DO DEDO VERDE e POLYANA MENINA E MULHER, dos três o único que trago comigo é O PEQUENO PRÍNCIPE pois nunca emprestei para ninguém, sendo que a cada releitura ele me deixa uma lição de vida diferente para a minha caminhada enquanto filha, neta, amiga, esposa, mãe e professora.
O tempo passou e cheguei ao ensino fundamental II e ao ensino médio, e com eles vieram os clássicos da literatura: A VIUVINHA, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, HELENA, SENHORA, IRACEMA, HISTÓRIAS DA VELHA TOTÔNIA, MENINO DE ENGENHO, A HORA DA ESTRELA "me apaixonei por esse livro", FELICIDADE CLANDESTINA "tem algo mais doce do que essa felicidade?", tinha de ser da Clarice Lispector, O MEU AMIGO PINTOR e BOLSA AMARELA da Lygia, SANTA TERESINHA - HISTÓRIA DE UMA ALMA, entre outros que não me recordo, sei que uns eu lia com prazer, outros por mera obrigação, pois a leitura não me prendia, não me fascinava, não me instigava a ser uma verdadeira leitora, mas em escola de freira tudo era muito rígido.
Cheguei na universidade, fui cursar "Letras, licenciatura plena" e me julgava uma boa leitora. Mas os professores começaram a falar em obras literárias, em livros de grandes escritores da nossa língua e da nossa gramática, então percebi que eu não tinha lido quase nada, o meu repertório de leitura era mínimo diante da imensidão que é o mundo universitário, só me restou uma solução, começar a ler. Retomei os clássicos da literatura brasileira e portuguesa, surgiram as paixões repentinas por escritores como Drumonnd, Cecília Meirelles, Cascudo, Camões, Fernando Pessoa, entre outros. As leituras foram seguindo o seu curso normal... Li e continuo lendo até hoje, uma vez que a minha prática educacional exige isso: MUITO ALÉM DA GRAMÁTICA, Irandé Antunes; A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER e EDUCAÇÃO BANCÁRIA, Paulo Freire; PRODUÇÃO TEXTUAL, ANÁLISE DE GÊNEROS E COMPREENSÃO, Luiz Marcuschi; A LÍNGUA DE EULÁLIA, Marcos Bangno, livro esse que é belíssimo; A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS, Bruno Berttelheim; TEORIA DA LITERATURA, Terry Eagleton. Esses são os que possuo, outras leituras foram feitas de livros pedidos emprestados na biblioteca universitária, e esse retomei a leitura com um outro olhar na minha segunda pós-graduação e "Leitura e Literatura".
Não me satisfiz com a graduação então parti para a minha primeira pós-graduação em "Psicopedagogia Institucional", e com ela vieram um novo leque de leitura, posso citar algumas obras: QUEM AMA EDUCA e ADOLESCENTE QUEM AMA EDUCA, Içami Tiba; PAIS BRILHANTES PROFESSORES FASCINANTES e FILHOS FASCINANTES PROFESSORES BRILHANTES, Augusto Cury; EDUCAÇÃO - A SOLUÇÃO ESTÁ NO AFETO, Gabriel Chalita; A CRIANÇA, O LAR E A ESCOLA, Pierre Weil, A CRIATIVIDADE NA SALA DE AULA e UM MÉTODO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL: O PROJETO, Celso Antunes; A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO, Pedro Morales; JUNG E A EDUCAÇÃO, Cláudio Saiani; A PSICOPEDAGOGIA NO ÂMBITO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR e SABERES E SENTIMENTOS, Laura Monte Serrat Barbosa; PIAGET - VYGOTSKY - WALLON, De La Taille; SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO, Nelson Pilelli, e finalmente surgiu um grande amor literário em minha vida, foi quando fui apresentada a um cidadão chamado RUBEM ALVES, um caso de amor para mim, e com esse amor vieram as suas obras, a primeira foi: POR UMA EDUCAÇÃO ROMÂNTICA, lembro como se fosse hoje essa leitura, fico emocionada toda vez que o leio. Hoje me considero uma Rubista com seus livros: APRENDIZ DE MIM; NA MORADA DAS PALAVRAS; CONVERSAS SOBRE EDUCAÇÃO; CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ENSINAR; EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS E MAIS; A ESCOLA COM QUEM SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR, belíssimo; A ESCOLA QUE VIROU BAIRRO; PERGUNTA-ME SE ACREDITO EM DEUS; ENTRE A CIÊNCIA E A SAPIÊNCIA; PENSAMENTOS QUE PENSO QUANDO NÃO ESTOU PENSANDO e O VELHO QUE ACORDOU MENINO. Dá para sentir o amor? Pois é, na realidade para mim Rubem Alves consegue defender como realmente se faz educação em um país, e expressar com toda a sua sabedoria que é impar os meus sentimentos e crenças sobre a educação, com ele pude perceber que eu não posso fazer outra coisa a não ser professora, ele me deu a consciência de que o meu trabalho está contribuindo para um mundo melhor, e que todas as profissões partem de todos nós professores, e isso para mim basta!
Essas são as minhas poucas recordações de leituras que levarei para a minha vida inteira.
Karla Roberta Freire de Oliveira
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